Sozinha em minha baia. Discman ligado, a voz doce e melancólica de Vitor Ramil entoando sua nostálgica Ramilonga, que fala do meu curral nativo, dos bairros por onde caminhei, das ruas que sei onde e como são . Das flores que colorem a cidade, que apararecem alegrando aqueles campos.De tudo que faz parte de mim, das coisas a que eu originariamente pertenço. Ramilonga é sem dúvida a música mais poética sobre POA. E o refrão poeiano "nunca mais, nunca mais" bate fundo , doí no peito, tira o ar e fica preso na garganta. E eu choro. Um choro silencioso. Saudade, tristeza, solidão, vazio? Não sei o motivo. Talvez sejam só lágrimas cristalinas que surgem, assim, de repente, aos acordes de uma bela canção...
Ramilonga
Vitor Ramil
Composição: Vitor Ramil
Chove na tarde fria de Porto AlegreTrago sozinho o verde do chimarrão
Olho o cotidiano, sei que vou embora
Nunca mais, nunca mais
Chega em ondas a música da cidade
Também eu me transformo numa canção
Ares de milonga vão e me carregam
Por aí, por aí
Ramilonga, Ramilonga
Sobrevôo os telhados da Bela Vista
Na Chácara das Pedras vou me perder
Noites no Rio Branco, tardes no Bom Fim
Nunca mais, nunca mais
O trânsito em transe intenso antecipa a noite
Riscando estrelas no bronze do temporal
Ares de milonga vão e me carregam
Por aí, por aí
Ramilonga, Ramilonga
O tango dos guarda-chuvas na Praça XV
Confere elegância ao passo da multidão
Triste lambe-lambe, aquém e além do tempo
Nunca mais, nunca mais
Do alto da torre a água do rio é limpa
Guaíba deserto, barcos que não estão
Ares de milonga vão e me carregam
Por aí, por aí
Ramilonga, Ramilonga
Ruas molhadas, ruas da flor lilás
Ruas de um anarquista noturno
Ruas do Armando, ruas do Quintana
Nunca mais, nunca mais
Do Alto da Bronze eu vou pra Cidade Baixa
Depois as estradas, praias e morros
Ares de milonga vão e me carregam
Por aí, por aí
Ramilonga, Ramilonga
Vaga visão viajo e antevejo a inveja
De quem descobrir a forma com que me fui
Ares de milonga sobre Porto Alegre
Nada mais, nada mais
mercoledì, settembre 21, 2005
Ramilonga
Ruminado por Bellit às 3:13 PM
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1 comentários:
Ai, como é ruim essa sensação de desterro. Sei bem, porque mais cedo ou mais tarde me sinto desterrada nas duas cidades. Beijos, querida.
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