martedì, maggio 27, 2008

O que é arte?


Perguntinha difícil essa não? Ela foi repetida insistentemente esta semana na Itália e pelo mundo a fora. Foi inaugurado no dia 24 o MUSEION-Museo d'Arte Moderna e Contemporanea di Bolzano, bem diferenciado e com uma proposta arquitetônica bem interessante, mas que parece estar atraindo os visitantes mais pela polêmica da rã crucificada do que por qualquer outra coisa
Pois bem, não vou entrar no mérito de se é ou não é apropriado colocar uma rã no lugar de Cristo, símbolo sagrado para os católicos, chatos e dogmáticos por natureza.
O que eu achei "MARA" foi a explicação do pessoal do museu, dizendo que a obra não tinha nenhuma conotação depreciativa e que simbolizava um "momento pessoal de profunda crise" do artista alemão Martin Kippenberger, considerado uma espécie de versão germânica de Andy Warhol.
Pô, não sei que tipo de crise é essa, já que a rã em questão está completamente doidona e com um copo de cerveja na mão...
Eu acho que eu tô precisando é de uma crise dessas aí...





E não é que eles tinham razão?


Pois bem, neste finde fui ao cinema, em companhia da minha amiga do peito (e agora "mulherzinha") Samara L. assistir ao filme Um beijo Roubado e entendi o porquê da crítica não gostar nenhum pouco de torta de mirtilo.
Ok, tirando o visual, os takes bem experimentais e uma que outra cena ou frase de impacto, o roteiro me lembrou muito aquelas comédias românticas em que
1.Mocinha doce leva um pé na bunda.
2.Sai de férias ou viaja para algum lugar exótico.
3.Revê sua vida
4.Descobre o segredo de Tostines (ou seja sempre tem alguém mais f... que vc)
5.Volta para o mocinho apaixonado que a espera e faz todo o sofrimento valer a pena...
6.E eles viveram felizes para sempre.
Enfim, água com acúçar...
Para quem já havia visto os outros filmes do diretor(aliás, para quem quiser, tem um post antigo sobre 2046) o novo e primeiro em língua ocidental foi uma decepção. E eu tentei entender o motivo, pois ruminar é o que faço de melhor...
Pensei eu cá com minhas mosquinhas, será que os orientais aprimoram tudo, fazem as coisas parecer mlehores do que são???
Se o filme fosse chinês ou japonês("delícia", segundo a Dani Brinks)o impacto seria maior ou "diferente"?Bom,não saberia responder essa pergunta, mas dificilmente um remake ocidental de um filme oriental pode ser visto apenas como um processo simples de refilmagem ou cópia. O que se percebe é sempre uma nova linguagem, um novo universo que mantém pouco ou nenhum elo de ligação com a sua origem, pois não há meios para manter a fonte na íntegra, e parece que apenas em sua forma Una o filme adquire força, de modo a ultrapassar qualquer barreira e chegar aos cinco sentidos, ao cérebro e ao coração independentemente da localização geográfica do expectador.
Nessa transculturação (se é que posso chamar assim), longe de ser simplesmente uma troca de cenário, língua e figurino, há uma significativa perda de referenciais e interditos que produzirá novos ou antagônicos efeitos.Claro que Kar Wai não fez um remake propriamente dito, mas repetiu a mesma temática, os mesmos elementos , as mesmas cores, a mesma ambição dos seus filmes anteriores , como se Um beijo roubado fosse uma refilmagem ocidental da sua essência criativa.Porém, eu vi muito de Kar Wai, mas senti muito pouco... Talvez seja o lado chinês de Kar Wai que nos fascina e comove.
Para responder esta pergunta, só assistindo a outros filmes feitos no Ocidente para conferir se os anseios do diretor se expressam apenas em chinês ou se ele pouco a pouco será capaz de ser criativamente bilíngue.
Mas cá entre nós, boiada amiga: tudo isso que esta mucca escreve não passa na verdade de ruminações madrugada a dentro...
Fiquem a vontade para ruminar tb...O pasto ainda é verde e continua ao alcance de todos.


lunedì, maggio 19, 2008

Um beijo roubado e uma trilha adquirida



Sempre fui uma entusiasta do cineasta chinês Wong Kar Wai .2046 ficou gravado em minhas retinas e na minha mente para todo o sempre, de modo que fiquei extremamente entusiasmada diante da notícia de que seria lançado seu primeiro filme em língua inglesa, My Blueberry Nights (2007)(Um beijo roubado)contando com um elenco talentoso e bastante interessante, e que reúne nomes como Jude Law e Natalie Portman e a tímida Nora Jones no papel da protagonista.Pois bem, tenho acompanhado a crítica especializada e ela tem sido unânime em afirmar que o filme é um deleite aos olhos, mas que peca por uma trama meio desconexa, sem profundidade e que não desenvolve as personagens da maneira adequada. Não posso dizer que eles estão certos, já que não assisti ao filme ainda. No entanto, sabendo que as trilhas sonoras dos filmes de Kar Wai são sempre muito ricas, envolventes, já que o amor, o amar ou a impossibilidade da sua realização sempre é o fio condutor de tudo, decidi baixar a trilha que antecipadamente sabia ter canções de Cat Power (que aparece no filme tb.) e da própria Nora Jones. Bom, como nada posso dizer sobre o filme, vale fazer alguns comentários sobre a trilha e sobre uma grata surpresa que acabou se vinculando a ela, e que só se tornou possível em tempos interneticamente globalizados e cujos detalhes contarei em seguida...
Vamos então a trilha... Alguém se lembra do tema de Amor á flor da Pele?Pois bem, ele está de volta, quase irreconhecível, numa versão com direito a gaita de boca, meio folk.Por falar em folk, tem uma versão de Harvest Moon , que eu conhecia com o Neil Yong, na voz quente e deliciosa de Cassandra Wilson. E falando em voz deliciosa, me deparei com a canção Devil's Highway, da banda Hello Stranger, cuja vocalista Juliette Commagere é sensacional, com uma presença de palco incrível.Aliás, a banda, com exceção dela , indie dos pés a cabeça, parece saída de um vídeo de Woodstock.Não consegui baixar nada deles, mas ao procurar um videozinho no youtube, acabei me deparando com outra cantora cheia de estilo e dona de uma voz bem marcante, Nicole Atkins, de New Jersey e que lançou seu primeiro disco em 2007, chamado “Neptune City”, super-elogiado pela crítica. O som da moçoila, que além de cantar bem ainda é um colírio para os olhos em geral, mistura um rockzinho básico com alguns efeitos mais moderninhos. Gostei muito e recomendo, principalmente as faixas Love Surreal,Cool Enough,Together we are both alone e a própria Neptune City.Para quem quiser, fica aí minha dica bovina.
Além da ala feminina, a trilha também tem duas participações ilustres e sempre geniais: Ray Cooder e o argentino Gustavo Santaolalla.Provalmente, a grande maioria não irá ter o trabalho de comprar o dvd de My Blueberry Nights , mas duvido muito que não fique ao menos tentado em rodar a trilha sonora nos seus players. Se o filme é dispensável, a boa trilha consegue ao menos fixar na lembrança dos ouvintes um pouco do universo sempre flutuante, cheio de interditos e de desejos irrealizáveis ou incompletos, das dores e ensinamentos que o amor ou a perda dele acarretam e que o cineasta sensivelmente procura captar num jogo de luz, cores, figurinos, maquiagem, mas que também se completa através de belas canções.