lunedì, agosto 10, 2009

Tá todo mundo louco, oba !

Ultimamente, tenho andado mais do que eu gostaria de transporte bovino coletivo. Isso porque uma das minhas patinhas (ainda) está dodói, impossibilitando minhas longas, saudáveis e econômicas andanças pelas pastagens e colinas de minha cada vez mais inóspita e menos verdejante cidade...
Bom, nestas minhas experiências nos comboios de transporte bovino tenho me deparado com bastante frequencia com ruminantes , que assim como eu, foram vitimados pelo mal da vaca louca.
Dia sim, dia não, encontro um camarada ou falando sozinho coisas de outro mundo; ou batendo altos papos com um (ou vários) amigos imaginários ou simplesmente urrando e se sacudido para frente e para trás , como presenciei semana passada, quando o ônibus parou em determinada ponto (sei lá que trauma aquela parada trouxe ao bovino pesteado...) . Outro dia, um ruminante jovem, um pouco mais velho do que eu, parou ao meu lado e disse: "Dá licença para o tio?" . Olhei pro moço e pensei, "eu , hein? esse cara só pode ser louco de pedra, porque de tio ele não tem nada". Dito e feito, foi só sentar ao meu lado que ele soltou a língua em um papo bem enigmático com um dos amigos invisíveis. Algumas gargalhadas e gritos janela a fora depois, fiquei grata com o fato da minha parada estar bem próxima.
Hoje então, foi mais estranho ainda. Um senhor de touca, óculos e barba aproximou-se da porta e começou a conversar com ele ou com sei lá com quem em ....ESPANHOL! Contou piadas, fez troça, pediu informações e até brigou com o amigo em questão. Si, e jo pero que si, pero que no dei no pé rapidinho antes que fosse convidada a participar de um colóquio internacional.
Aliás, quero deixar bem claro que não tenho nada contra a circulação dos amigos que enxergam a realidade mesmo (insana) do mundo (já que nós -eu fora, talvez -" normais", fazemos de conta que não estamos vendo nada). Eles têm todo o direito de transitar entre nós, não há problema algum nisso . Só achei curioso encontrá-los com tamanha frequencia.
Das duas uma: ou eu estou saindo de casa no horário da terapia de todos os fora da casinha da cidade ou o nível de insanidade (ou sanidade, dependendo do ponto-de-vista) está aumentando consideravelmente a ponto de se tornar mais perceptível até mesmo para um ser divagante como eu.
Por via das dúvidas, espero que meu pé fique bom logo. Vai que alguém tenha um amigo imaginário italiano, centurião romano, músico barroco, samurai, poeta grego ou filósofo alemão e eu acabe achando interessante fazer parte da conversa ....


mercoledì, luglio 01, 2009

Ruminações de uma mucca em crise


È estranho como a vida se torna uma repetição de situações e sentimentos. Os dias passam, as pessoas, os lugares, os instantes passam, mas algo em mim permanece sempre o mesmo. No fundo, no fundo continuo buscando as mesmíssimas coisas de sempre, fugindo das convenções e dos ideais de felicidade que insistentemente o mundo tenta nos incutir, lutando para não ser presa pela teia de uma vida ordinária que parece tão atrativa no raiar de um novo dia. Mas sei que isso não me basta. Posso abanar o rabo por um tempo, espantar as moscas, ruminar o mesmo capim. Só que não me contento com meias palavras, meias intenções, meias medidas, meios relacionamentos. Para mim, as coisas são ou não são. Este é o um jeito prático de enxergar a incompletude do universo. Assim, eu quero tudo, de uma vez só , nada de doses homeopáticas. Apenas os covardes se escondem no silêncio e nos pensamentos contidos. Eu me entrego a mim mesma, pois o mundo não me basta, já sabia disso desde a aurora dos tempos. Se prosseguir só me torna mais completa, sigo minha sina de ser/estar sozinha. Afinal, eu sou muito mais complexa do que aquilo que me cerca e não encontro eco em um mundo dissonante, em que notas não se combinam.E eu quero poder ouvir a música das pequenas coisas que me cercam, até poder ouvir a sinfonia do infinito. E de resto, o silêncio de madrugadas frias, acompanhado do gosto doce de lembranças que nunca vivi. Sim, porque a maior lição de todas seja que talvez a lembrança da ilusões seja mais confortante que a das desilusões...E antes que alguém diga que isso covardia, esclareço que isso de chama autodefesa ou autopreservação. E só depois que vc apanha (e muito) é que vc aprende a se defender . E para quem nunca apanhou de verdade, jogar a primeira pedra é muito fácil.Sem sentir dor, a dor alheia é bobagem, frescura , capricho. Mas só eu sei quantas cicatrizes levo no meu lombo ressecado de sol , e só eu sei que não há mais espaço para nenhuma delas . Apenas isso, e mais nada...

E assim, eu faço meu mundo, eu dito minhas regras, eu governo e domino meu reino. Vastos campos selvagens, onde brisa leve e dias amenos esquentam meu corpo. Aromas doces e sabores exóticos permeiam minhas frugais refeições. Aqui, no meu reino eu sou soberana. E isso, ninguém é capaz de me tirar . Não abro mão do meu reino, nem por carta nem por espada, nem por qualquer artíficio ilusório que o mundo possa vir a me ofertar. Nada é tão doce , nada é tão absoluto do que a liberdade de ter o domínio sobre si mesmo. E essa verdade me acompanha há anos, ainda que eu balance ás vezes. Ainda bem que minhas fraquezas são temporárias, já que ao encarar os medos de frente, as desilusões tornan-se miragens. E sigo , troteando pelo campo, livre, absoluta, em paz.

sabato, febbraio 21, 2009

Ficcionando...


Pois bem, caros amigos bovinos. Não tinha postado nada até agora(mea culpa, mea culpa) por n motivos(ou a falta deles). E enquanto estava aqui, em pleno Carnaval, sem botar o bloco na rua e sem esperar a Mangueira entrar (a escola, a escola...hehehe)resolvi ficcionar um pouco e saiu um testículo, meio fraquinho, pois estou fora de forma. Mas pretendo recuperar o ritmo e logo , logo coisitas bem rumidas devem sair das minhas entranhas...
Boa leitura para quem se aventurar, por conta e risco. Não assumo a responsabilidade por qualquer mal estar causado pelo texto abaixo. O enjôo(tem acento???) é todo de vcs!



Descobertas astronômicas a olho nu

Desperto e esqueço. Sempre é assim. Na boca, o gosto amargo de uma noite mal dormida, whisky barato e duas carteiras e meia de cigarro sem filtro.
Ainda sonado, observo os raios de sol entrando pelos buracos da janela. Eles iluminam o corpo feminino e nu que resfolegava no lado esquerdo da cama. Pele branca, longos cabelos ruivos. O rosto, delicado e quase infantil, se ocultava na pesada maquiagem, agora borrada.O seu peito subia e descia, compassado, alheio as vozes, aos cheios, a luz que vinha do mundo lá de fora. O mundo que não nos pertencia e que estava além do provisório reino mágico, em que era o seu consorte, seu cavaleiro, seu príncipe, o seu bobo da corte. Onde eu era um lobo faminto, que corria pelas pradarias do seu corpo, uivando para uma lua imaginária que refletia nos seus olhos.
Ela se moveu, suave como uma folha ao vento, gemeu e com as pálpebras ainda fechadas falou baixinho, meio rouca: - Eu ainda estou aqui.
Me aproximei do seu corpo, e olhando então para os grandes olhos azuis que agora me fitavam desconcertados, limitei-me a sorrir. E quase que automaticamente beijei aqueles lábios com gosto de noite. Ela passou o braço em torno do meu pescoço, e com as unhas compridas me fez uma carícia quase felina, esperando alguma reação da pobre presa, eu, homem, maduro, estranho, confuso e emocionalmente retardado.
Levantei bruscamente, fui até a mesinha, acendi um cigarro e cruzei minhas pernas, nu, esperando que a nicotina clareasse as minhas idéias e me desse alguma resposta de como eu deveria agir.
O fato é que um ser etéreo tinha batido a minha porta ás duas da manhã, claro, após um telefonema meu, e me concedera o meu único e obsceno desejo: te-la por uma única e longa noite. E apenas uma.
Ela, grande amiga, sempre fora uma ótima companhia, bem-humorada, descolada, interessante, perspicaz. Não que ela não fosse, como mulher, digna de mil e uma noites. Até mais, talvez. Só que não para mim. E esta era uma das três regras que eu nunca quebrava. As outras duas se referiam a traseiros masculinos e empréstimo de material fonográfico. E este sou eu, meus amigos, claro, não apenas isso. Mas não quero falar sobre mim, não agora. Qualquer tentativa de definição sempre soa falsa ou egocêntrica. Contudo, basta para dar uma ideia dos meus interesses e para deixar bem claro que qualquer expectativa quanto a sua permanência naquela cama estava prestes a ser frustrada.
Era melhor assim. Uma noite, uma garota. Outra noite, outra garota. E assim passava meus dias, sem arranhões, feridas expostas, sonhos dilacerados e relacionamentos baseados em valores duvidosos. Eu me sentia livre, dono de mim, com o controle absoluto da minha mente, do meu corpo e do meu coração, por assim dizer. O curioso é que a companhia dela, neste meu mundo diversificado, tinha sido uma constante. Só que agora, a fronteira tinha sido ultrapassada, e era chegada a hora de cortar todo e qualquer contato.Medidas drásticas são necessárias para se manter as coisas nos seus devidos lugares, sempre.
Ela me olhava, com seus olhos arregalados, misto de apreensão e desejo. Eu apenas tragava a fumaça, e olhava para o teto, procurando me convencer de que tudo corria como deveria ser.
Que dentro de alguns minutos ela iria levantar, vestir-se e sair pela porta. Afinal, ela, melhor do que ninguém, sabia como as coisas funcionam. E eu iria esquecer aquela boca, aquela pele. Aquele perfume no meu travesseiro. Não me lembraria das palavras doces, dos segredos trocados, dos gostos semelhantes, da extrema afinidade em encarar a vida, as pessoas, os obstáculos. Nem ao menos iria passar pela minha cabeça que por um instante as palavras “perfeita para mim” piscaram mais de uma vez, como letreiros luminosos, durante nossos longos meses de colóquios, cinemas, filmes, música, cafés, parceria.
Iria esquecer que numa madrugada fria um ser híbrido e mutante: fada, feiticeira, sacerdotisa, mundana, me fez flutuar na imensidão do espaço . E o pior de tudo, é que ainda estava anos – luz, esperando pela próxima viagem. Talvez no rabo de um cometa ou em uma nave espacial. Mas o mais provável é que a minha carona fosse um corpo repleto de curvas que naquele instante se movia na minha direção, entrando em meu campo gravitacional.
E então ela explodiu como uma supernova no meu colo, mudando para todo sempre a configuração da minha galáxia...