venerdì, novembre 11, 2005

Novembro, dezembro e daí?

Eu estou em contagem regressiva para 2006. Não que eu ache que o ano se arrastou como uma tartaruga reumática- pelo contrário, ele passou rapidissímo- mas sim porque esse ano não foi dos melhores para mim. Bom, concordo que não ocorreu nenhuma fatalidade durante o ano (pausa para bater na madeira três vezes, já que o ano ainda não acabou...) , mas este, afinal, foi o ano em que eu me senti mais menos eu do que nunca (Cuma???!!!!! - Calma lá, eu explico...) Sim, eu me sinto muito estranha,sem brilho, sem vivacidade, sem talento. Fora de mim, anestesiada , uma mucca que perdeu o gosto pela coisas habitualmente prazerosas . O pasto parece desbotado, as mosquinhas sem graça, o balançar do meu rabo monótono. O sol deixou de me fascinar e a lua é quase uma presença enfadonha. Minhas patas não me levam a nenhum caminho estimulante e meus olhos bovinos já não absorvem os mistérios do mundo. Por vezes penso que entre uma ruminação e outra perdi a paixão por coisas que muito amava. Meu élan , minha vontade de realizar, de criar, de imaginar, de sonhar sonhos bovinos sumiu , se escondeu, se escafedeu-se em meio a boiada. E quanto eu busco uma explicação racional para tudo isso eu não encontro...Só me resta cantar :

Socorro, eu não estou sentindo nada.
Nem medo, nem calor, nem fogo,
Não vai dar mais pra chorar
Nem pra rir.

Socorro, alguma alma, mesmo que penada,
Me empreste suas penas.
Já não sinto amor nem dor,
Já não sinto nada.

Socorro, alguém me dê um coração,
Que esse já não bate nem apanha.
Por favor, uma emoção pequena,
Qualquer coisa que se sinta,
Tem tantos sentimentos,
Deve ter algum que sirva.

Socorro, alguma rua que me dê sentido,
Em qualquer cruzamento,
Acostamento, encruzilhada,
Socorro, eu já não sinto nada.