venerdì, marzo 16, 2007

Casualmente, o acaso

Querer ver alguém e encontrar essa pessoa assim que sai da porta de casa, cantar um pedaço de uma música e ela tocar no rádio logo em seguida, sonhar com alguém desconhecido e sentar ao lado dessa pessoa no metrô. Não, não são apenas coincidências. Afinal, vc desejava encontrar aquela pessoa, queria ouvir a tal música e provavelmente a pessoa desconhecida do metrô tenha alguma relação inconsciente com sua vida. .Estes são alguns exemplos do que os surrealistas entendiam como acaso objetivo. Os exemplos surrealistas são mais expressivos. Em 1914, Giorgio de Chirico pinta o retrato do poeta Guillaume Apollinaire onde ao fundo, em segundo plano, uma sombra está atrás de uma coluna com um pequeno círculo branco marcando algum lugar sobre a cabeça, como um alvo. Dois anos mais tarde, ao engajar-se como voluntário na Primeira Guerra Mundial, Apollinaire é atingido gravemente na cabeça exatamente no mesmo lugar mostrado no quadro. Victor Brauner pinta em 1931 o quadro Autoportrait à l’oeil énucléé (Auto-retrato de olho enucleado). Sete anos depois, ao tentar intervir em uma briga entre Oscar Domínguez e Esteban Francès, o estilhaço de uma garrafa fura o olho direito do pintor, reproduzindo com exatidão fotográfica seu auto-retrato. Por precaução, Brauner nunca mais pintou um quadro seu faltando pedaços do corpo. Benjamin Péret, em uma cela da na prisão de Rennes, vislumbra na janela o número 22. É posto então em liberdade no dia 22 de julho.
Assim, o que os surrealistas acreditavam ser acaso objetivo, é, em poucas palavras, a projeção do desejo da pessoa envolvida num objeto, num símbolo ou num ato revelatório. O acaso objetivo se refere às coincidências de fatos e de "sinais" que, embora obviamente aleatórios, independentes de qualquer vontade e de qualquer controle da consciência, apresentam estruturalmente uma lógica e uma coerência que incita a percebê-las como uma mensagem, como correspondências inesperadas entre fatos materiais.

E pensando nisso, percebi que um fenômeno do acaso objetivo acaba de ocorrer na minha vida. Explico-me: eu queria muito , muuittto mesmo poder ajudar uma amiga a sair de uma m.... federal , com letras maiúsculas e piscantes .Pensava muito nisso, aliás. E eis que o acaso, sim, ele mesmo, faz com que uma pessoa peça a mim uma indicação para uma oferta de emprego razoavelmente tentadora. Nem preciso dizer que era o meu desejo de ajudar minha amiga ganhando materialidade. Agora resta torcer para que tudo dê certo. Surrealista que sou, só tenho a concordar com Soupault e dizer que o acaso não passa de nossa ignorância das causas, uma vez que essa mesma amiga já havia me indicado para essa mesma vaga há um ano . ... Por via das dúvidas , não custa mandar umas energias positivas para a moça . Classe bovina, uni-vos nessa intenção....


1 comentários:

Wladimir da Hora ha detto...

Atrás de uma definição de acaso objetivo no google, vim parar aqui, não por acaso, e me lembrei de um poema que fiz recentemente ao concluir uma pintura sobre o bumba meu boi. É mais ou menos assim:

Bumba meu boi
(como um auto de natal)
por Vlad da Hora

Bumba, meu boi, bumba!
Que o tempo muge e é preciso espantar essa agonia.
Meu amigo, mil vezes ruminar e mugir junto contigo,
Na imensidão da planície,
Do que ouvir a ladainha do humano rebanho.
O homem não diz coisa com coisa,
E ainda julga ser melhor
Do que os outros animais.

Boitempo de Manuel Bandeira
Eu te saúdo e reconheço como amigo
Por onde tiver que passar
Pois acolheste o menino Jesus na manjedoura.

Boi mártir, esquartejado como Tiradentes,
Como um carneiro de Augusto dos Anjos,
Quantas vezes repetiste o mesmo sacrifício
Para aplacar a fome daqueles que te maltratam?

Bumba meu boi, mostra tua flama,
Sob o sol da tarde vertiginosa,
Causando espanto e euforia.
Coração valente e destemido, alma bovina,
Eu te vejo atravessando e vencendo
todos os umbrais,
deixando para trás o sofrimento, a agonia sem sentido,
Mugindo pelo tempo afora
Abençoando a vida na derradeira hora.