mercoledì, luglio 19, 2006

Ele é o meu homem

Acaba de ser lançado no EUA o documentário LEONARD COHEN I'M YOUR MAN, uma merecida homenagem a um grande poeta e ícone da contra-cultura que inspirou gerações O documentário, com direção de Lian Lunson , apresenta duas linhas narrativas , uma , compila performances e bastidores de um show em tributo ao cantor (Sidney , 2001) e que reuniu Nick Cave, Rufus Wainwright, Kate & Anna McGarrigle, Martha Wainwright, Beth Orton, Linda Thompson, Teddy Thompson, Jarvis Cocker,The Handsome Family, Julie Christensen e Perla Battala, contando ainda com uma versão de "Tower of Song" com o próprio Cohen e o U2. Já a outra, é construída a partir de depoimentos de fãs famosos, críticos e pessoas do circulo de relações do cantor que revelam segredos e refletem sobre sua personalidade, sua obra e o seu processo de criação.

Sua produção até agora rendeu nove livros (sete de poesia, dois romances) e 11 discos, incluindo Dear heather, seu mais recente CD, lançado em 2004. Cohen sempre transitou entre a música e a literatura, nem sempre recebendo o devido reconhecimento em nenhum dos dois campos, fato este que acabou por levá-lo a optar pela carreira de compositor. De fato, sua primeira canção "Suzanne", foi gravada pela cantora folk canadense Judy Collins em 1966. Dois anos depois e em função do reconhecimento obtido pela gravação , Cohen lança seu primeiro álbum, Songs of Leonard Cohen.
Leonard Cohen partilha com os grandes nomes da literatura a mesma matéria –prima : a paixão, o amor , as reviravoltas da condição humana e as questões cruciais de nosso tempo. Sua primeira canção, como tantas outras , parte de sua observação do mundo real, ele sempre conta uma história onde narra suas experiências, suas angústias , seus devaneios. A Suzanne da música existiu de fato, mas como era casada e, segundo Cohen, adorava o marido, só pode ser tocada com sua mente :


"Suzanne takes you down / To her place near the river / And she feeds you tea and oranges / And you Know that she will trust you / For you've touched her perfect body with your mind." (Suzanne - 1966)


E são justamente experiências de vida como essa que servem de inspiração para as suas canções . Aliás, a vida de Cohen engloba ricos e curiosos elementos como sua ambivalente religiosidade , já que ele, judeu de nascença,tornou-se monge budista durante alguns anos, morando em um templo , inclusive. Dos templos, ele passou às pensões e hotéis baratos, buscando isolamento e matéria prima para suas criações. Um desses hotéis foi o famoso Chelsea, reduto de artistas na década de 60 como Bob Dylan, Jimi Hendrix, William Burroughs, Andy Warhol (e tb o hotel onde Sid Vicius esfaqueou a namorada Nancy e o escritor Arthur C. Clarke escreveu "2001, Uma Odisséia no Espaço") . E foi no Chelsea que Cohen encontrou Janis Joplin e registrou suas impressões com relação à cantora na música "Chelsea Hotel n. 2":


"I remember you well in the Chelsea Hotel / You were famous your heart was a legend / You told me again you preferred handsome men / But for me you would make an exception" (Chelsea Hotel n. 2 - 1974)


Cohen sempre teve um espírito nômade , e sua transferência na década de 70 para a ilha de Hidra, na Grécia, onde passou sete anos escrevendo poemas e compondo música, o condenou ao esquecimento por parte do mercado americano . Ele só seria redescoberto pelo movimento pós-punk, na Inglaterra no começo dos anos oitenta, do qual fizeram parte nomes como Morrisey, Echo and The Bunnymen, Nick Cave e Jesus and Mary Chain e que passaram a fazer covers de músicas do cantor. Em 1988, os covers são registrados no I'm Your Fan - um álbum-homenagem com versões de R.E.M., Pixies, John Cale e Nick Cave, entre outros, para antigos sucessos de Cohen. Peter Gabriel, Bono, Sting, Suzanne Vega e outros também deram sua contribuição á celebração da obra de Cohen no álbum Tower of Songs.
Com seu nome sendo celebrado no mundo todo, e tornando-se cada vez mais habitué de trilhas sonoras de filmes de sucesso (Natural Born Killers, de Oliver Stone , por exemplo), toda uma nova geração pôde ter acesso à poesia de Cohen, agora com uma voz bem mais rouca (fruto de milhares de maços de cigarro, segundo ele) mas profunda e sexy, bem diferente da melódica e delicada gravação de "So long Marianne" de 1968.
Na casa dos 70, Cohen pode agora contar com a serenidade que seus cabelos brancos e sua longa trajetória o trouxeram , e só posso concordar com ele quando escuto aquela voz quente sussurrando :

"If you want a lover/I'll do anything you ask me to/And if you want another kind of love/I'll wear a mask for you/If you want a partner/Take my hand/Or if you want to strike me down in anger/Here I stand/I'm your man" (I'm your man, 1988)

Ele é com certeza o meu homem, pelo menos , o do meu mp3 player…




3 comentários:

Anonimo ha detto...

Você devia ser transferida da revisão para a redação da revista. :)

Samara L. ha detto...

Completamente compulsiva com suas paixões. Que saudade, amiga!

Anonimo ha detto...

Escreve mais! Escreve mais!