lunedì, marzo 06, 2006

Se não puder vencê-los , junte-se a eles?!!!


Neste fim-de-semana assisti ao filme “O Senhor das Armas”, já recomendado e comentado pelo meu amigo Rafa.
Um filme interessante, com reflexões e constatações inteligentes, e com uma seqüência que considerei veramente original e fantástica, filmada do ponto – de- vista de um projétil de AK-47 que sai de uma fábrica, percorre tortuosos caminhos e acaba por se alojar na cabeça de uma criança, só mais um alvo anônimo em uma guerra civil qualquer do continente africano. Impactante, sem dúvida.
E como uma coisa leva a outra, fiquei ruminando um pouco após o filme e constatei o quanto o mundo é paradoxal. Sim, pois nada é absolutamente certo e nem errado o tempo todo. Às vezes, em determinadas situações, o que é certo é visto como errado e vice-versa. Aliás, é quase uma tendência mundial você ser praticamente punido ou deixado para trás se seguir aos valores institucionalizados como corretos, claro que esse “correto” varia conforme o ponto de vista do interessado. Se você age de acordo com aquilo que definimos como consciência, com seu senso de humanidade e de dever social o mundo acaba te atropelando com suas exceções, seus jeitinhos, sua hipocrisia, seu abismo que deixa em lados diametralmente apostos teoria e prática. Nós, aqueles que procuramos arduamente agir com dignidade e respeito para com nossos semelhantes sentimos na pele que é tentar ser uma pessoa o tanto quanto possível íntegra . Claro que somos tachados de idiotas, teimosos e até mesmo sonhadores. E olha que derrapamos muitas vezes , erramos tmabém, e nem sempre conseguimos lutar contra toda uma visão deturpada que permeia as organizações, os relacionamentos, as pessoas.Então, só nos resta entregar o jogo aos 45 minutos do segundo tempo, até porque somos humanos e nosso instinto primitivo de sobrevivência nos faz reconhecer que é burrice dar murro em ponta de faca. E então, de opositores passamos a ser coniventes. E essa condição parece ser cada dia mais popularizada, pois a realidade em que vivemos acaba por exigir isso de cada um de nós. O gosto é amargo, é sim. O que não quer dizer que EU seja amarga, LONGE DISSO. O mundo sim é que é muito pouco doce ao meu ver... Afinal, abrir mão de princípios para auto-favorecimento é uma triste escolha que o livre-arbítrio incutiu ao homem.
E o personagem de Nicolas Cage no filme parece saber muito bem disso, já que tinha a consciência de que se abandonasse o tráfico de armas não estaria poupando vidas, mas apenas desocupando uma vaga a ser prontamente preenchida. Isso, sem falar que o próprio governo (nem vou falar aquela besteira demagógica de que deveria servir de exemplo para o povo blábláblá. Historinhas eu deixo para os irmãos Grimm) colabora na manutenção desse comércio, já que as armas chegam às mãos dos inimigos dos inimigos do país. Uma maneira sórdida de solucionar um problema? Talvez, mas depende do ponto-de-vista...
Parece absurdo, mas é a realidade nua, crua e sanguinolenta. È nesse mundo que vivemos, e com esse tipo de coisa, em maior ou menor grau, que temos que conviver diariamente. Isso porque vivemos em uma sociedade organizada, estruturada em torno de regras e leis, mas que na realidade servem apenas para dar uma falsa sensação de ordem, tranqüilidade, harmonia. Sim, cada um de nós sabe que a transgressão da lei ocorre a cada segundo, isso sem falar na transgressão que ocorre dentro da própria lei e até mesmo estimulada por ela.
Para que essa minha ruminação não fique assim, como direi abstrata demais a ponto de vocês pensarem que falo da morte da bezerra partirei para uns exemplos práticos.
Aí vai.
1. Todos sabem que com o Novo Código de Trânsito surgiram os CFCs, os futuros motoristas aprendem como se portar no trânsito de maneira civilizada. Pois bem, as mudanças foram implantadas, obrigando o futuro motorista a fazer um curso teórico e outro prático. Porém, o curso teórico pode ser burlado como o pagamento de uma “taxa adicional” de R$ 170,00. Ok, claro que você não é obrigado a pagar, você pode fazer o curso se quiser. Mas uma coisa que deveria ser séria, já começa a ser deformada. E não pára por aí.
As aulas prática chegam a ser patéticas, ridículas, nem o Ayrton Senna sairia delas sabendo dirigir. Os alunos usam apenas a 1ª e 2ª marchas e sequer enfrentam o trânsito das vias principais. Resultado: despreparo total. Não sei que tipo de “formação” de condutores é essa, já que se você quiser aprender a dirigir você tem que ter a carteira de motorista e pegar um carro particular para saber onde fica a 3ª marcha!!!!! Isso, sem falar em outros detalhes mais escusos, que dos quais você não pode fugir, pois sem eles você simplesmente não obtém a carteira. Se no teórico você tinha uma chance de fugir, no prático essa chance desaparece.
Há o outro lado da moeda também, existem CFCs que seguem as determinações da lei com retidão, porém tornam isso algo extremamente dispendioso economicamente e difícil (missão só para o Ayrton Senna talvez) Conclusão: a lei não só acabou servindo para criar como também para manter uma máquina de fazer dinheiro chamada CFC...
Alguém dirá que o problema não é a lei, mas sim a aplicação dela. Mas alto lá, se há UMA lei, por que existem tantos modos de execução? Resposta: infelizmente, no mundo de hoje a tendência é essa mesmo, o dinheiro facilita as coisas de tal forma que não pagar para adquirir “facilidades” ou para aprimorar habilidades acaba se tornando punição.... Triste , muito triste.
2. Você precisa de um atestado médico. Paga uma consulta de R$ 40,00 reais. O atestado não tem fins ludibriosos, serve apenas para comprovar sua saúde física, constatada através de um simples exame clínico, já que seus hábitos não são prejudiciais à saúde. O médico, sabendo de sua necessidade imediata, aproveita a oportunidade para cobrar uma taxa para a emissão de um atestado da associação de medicina local. Pior, algo legal, dentro na mais clara e normatizada lei estatutária da categoria. Isso, sem falar que, aproveitando-se de uma situação de poder, tal profissional passa a exercer um comportamento abusivo... Conclusão: Quando alguém detém uma posição de poder adquirida através de um conhecimento superior , pode fazer uso legal de sua posição para explorar , ludibriar e abusar do seu semelhante. Até um mecânico faz isso, mandando consertar a “rebimboca da parafuseta”. E esse comportamento já está tão generalizado que você nunca sabe quando alguém está de fato sendo sincero...

3. Você trabalha mais do que o horário permitido por lei. Não ganha hora-extra, adicional noturno e ainda precisa bater cartão-ponto. Detalhe, quando você permanece na empresa além do seu horário, "alguém" bate o seu cartão pontualmente às 18 horas, mesmo que você só venha a sair às 4 da matina. Se você entrar na Justiça, não acontecerá nada ao seu chefe, já que os cartões estão dentro da lei. E o pior, você não pode exigir nada, já que corre o risco de perder seu emprego de anos. Algum otimista dirá: “procure outro emprego”. Digo para esse otimista que a realidade em outras empresas semelhantes não é nada diferente. Seria trocar 6 por meia dúzia...
No momento foram apenas esse exemplos que me ocorreram, aliás, se vocês souberem de mais algum, agradeço a colaboração.


Mas sei que o que não faltam são exemplos de quanto tudo que nos cerca parece sempre estar em uma mão oposta a nossa. Pelo menos eu me sinto assim. E lutar não faz a menor diferença, você acaba sendo engolida, envolvida, enredada nessa teia de egoísmo, senso de oportunismo, corrupção, vilania, hipocrisia, demagogia, e todo o resto que governa as relações entre os seres humanos. Estes, primitivos, muito primitivos ou apenas seguindo sua própria natureza , de serem exatamente o que são , os predadores mais vorazes e auto-destrutivos que já habitaram esse planeta azul?Acho que é por isso que prefiro ficar entre a pacífica sabedoria dos meus colegas ruminantes...

7 comentários:

Anonimo ha detto...

Nossa, que amargo, senhorita. Eu que sou eu estou achando amargo!

Mas eu te entendo. Sou solidário a você. Muitas vezes já senti o mundo como um lugar inóspito onde nada parece ser aquilo que realmente é. Não tem jeito: é ir vivendo e aprendendo.

Ainda assim, tem uma meia dúzia de almas legais no mundo, e a simples existencia delas compensa por todo o resto. Pelo menos pra mim. : )

Bellit ha detto...

Bom, se meu texto é amargo é porque o mundo é assim mesmo. A viada não é doce , mas ainda bem que existem pessoas docinhas para compensar todo o resto. Vc com certeza é uma delas ....
E isso de ir vivendo e aprendendo , não sei não. O bom seria aprender coisas boas, que aprimorarezam nossas vidas, porém, o que aprendemos é uma lição dura e eu não acho que esse aprendizado forçado seja legal. è isso que me revolta , vc tem que ser conivente com esse mundo fora do eixo senão vc se ferra de verde e amarelo ou passa a vida toda sendo o loser sonhador...E era isso...

Bellit ha detto...

ops, é vida , não viada. Viada é a esposa do viado..:P

Anonimo ha detto...

É deveras complexo...

Já passei por fases amargas de amaldiçoar a vida por conta de suas vicissitudes. Que nem você está fazendo agora.

Segui em frente por falta de escolha mesmo, porque não queria empacar morto no meio do caminho. Aos poucos a vida foi melhorando, não sei se por sorte ou providência divina. Imagino que talvez um pouco dos dois, porque me esforcei (e ainda me esforço) em não trair os meus princípios.

Aos poucos as coisas foram se ajeitando, embora ainda estejam longe do ideal. Talvez justamente por ter aprendido a explorar as "brechas" do mundo ao meu favor.

Bellit ha detto...

Não estou maldiçoando o mundo, apenas constatando a realidade. Não estou dizendo "merda , droga de mundo cruel" apenas descrevendo a realidade...

Samara L. ha detto...

E o que eu pedi pra você fazer no meu blog você ignorou completamente, né, Mucca? Já me abriram, já me costuraram, já voltei pra casa.
E eu não sou doce, mas sou gostosinha. Baci.

Samara L. ha detto...

Ser conivente ou não com o mundo lá fora, é a escolha de ser ético ou não. Ser ético, hoje em dia, é basicamente uma escolha para os loucos ou para os muito corajosos.

Só quem escolhe sabe o que se ganha e o que se perde com isso, Mucca.

E quer fazer o favor de parar de me ignorar, embora eu não seja, assim, nenhum Jack Butler? Obrigada.