mercoledì, novembre 02, 2011

Por que não ser Charlie Sheen(sendo John Malkovich)?

 O ator John Malkovich está de passagem pelo Brasil com a peça The Infernal Comedy – Confissões de um Serial Killer, um misto de monólogo-comédia-ópera, baseado em uma história real, na qual  interpreta o serial killer de prostitutas Jack Unterweger, um austríaco, cuja história é no mínimo interessante. Em 1974, Unterweger assassinou duas garotas e foi condenado à prisão perpétua.Acabou sendo solto em 1990, devido a uma campanha de intelectuais e políticos, pois julgavam Unterweger um exemplo de reabilitação.Isso porque ele chegou a prisão praticamente analfabeto e lá dentro foi aprendendo a ler e a escrever. Com todo aquele tempo livre, o sujeito acabou não só se tornando um ávido leitor, mas chegou ao ponto de se aventurar como escritor de contos, poemas, peças de teatro e uma autobiografia, Fegefeuer , que acabou se tornando um “best seller”. Nada de tão espantoso assim, já que serial killers geralmente possuem uma inteligência acima da média.A questão é que depois de solto, após alguns meses de liberdade, ele voltou a matar. Quando foi preso novamente no Estados Unidos, em 1994, vendo que dificilmente se livraria da pena de morte, acabou se enforcando em sua cela.
Diria que é um personagem bastante complexo e desafiador, feito sob medida para o talento de John Malkovich que topou excursionar mundo a fora, dando voz ao cultuado homicida.
Fiquei tentada a assistir à peça, mas a curta e restrita temporada (fora o fato desta mucca estar impossibilitada de se locomover...) faz disso um plano fora de qualquer cogitação...
E por falar em John M., acabei de ler uma entrevista que ele concedeu a revista  Veja.Entre uma ou outra declaração um tanto curiosa (por exemplo: "Acho que não conheço bem muito bem o cinema americano, ou o cinema, em geral. Não sou um cineasta, ou um cinéfilo, vejo uma média de cinco a dez filmes por ano. Então, sou um ignorante em termos de cinema."), J.M.disse: Charlie Sheen é o único que gostaria de ter a meu lado durante uma crise existencial.
Fiquei pensando a respeito dessa declaração e acho que compreendi o que realmente ele quis dizer. Não, ele não se referia a Charlie Sheen como um amigo querido, com um ombro reconfortante e disposto a fornecer suporte psicológico em um momento de crise .Não, definitivamente não se trata de nada disso.
E depois de ruminar por alguns segundos, eu só posso concordar com a declaração dele.
Quem mais adequado do que o niilista,bon vivant  e escrachado Charlie para auxiliar alguém em um momento de profunda reflexão sobre a busca de um sentido para vida.De fato, não se trata de um momento em que você queira ou precise de alguma orientação. Você não quer ouvir se o que você fez ou escolheu foi certo, errado ou não resultou em nada. E Charlie, com certeza, não teria nenhum questionamento, crítica ou reflexão que não fosse apenas concentar as sua forças em quem você é , aqui e agora.
Afinal, a vida precisa ter mesmo um sentido? Não é inútil e massacrante viver preso e limitado por "por quê?" e "se"?Acredito mais no poder reparador de uma boa sessão de deleite do que mil indagações para perguntas sem respostas. Claro, que cheguei a essa conclusão após  anos e anos de vagos questionamentos e conjecturas. E algo que Charlie nos ensina é que o botão Fuck It All existe e que deve ser apertado de vez em quando. Claro, não sempre, afinal, como já sabia o latino Horácio,entre outros, o segredo da, por assim dizer,"boa vida" está no equilíbrio entre os extremos e não na negação absoluta deles.
E a maneira com que você encara o estágio intermediário é o que determina a proporção da sua variação pessoal. Então, peço perdão aos filósofos (a quem profissionalmente cabe indagar a respeito do sentido da vida), mas não estou aqui em buscas de respostas, mas sim de possibilidades...
E como disse o próprio Charlie Sheen: É assim que eu faço as coisas. E se é muito esquisito para as pessoas? Adeuzinho..."
Charlie Sheen em Being John Malkovich

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