mercoledì, settembre 10, 2008

Cinema Nacional

Coincidentemente, os últimos dois filmes que assisti eram nacionais. O saldo só poderia ser positivo, afinal, os roteiristas descobriram que não é apenas favela no Rio e a guerra do tráfico, retirantes e pobreza nordestina que resultam em bons filmes e prêmios. Linha de Passe, além de ser indicado para o prêmio de melhor filme, levou o de melhor atriz pela atuação de Sandra Corveloni no festival de Cannes.
O filme narra a história de uma família da periferia da Zona Leste de Sampa, que como muitas é desestruturada e vai se virando conforme a maré, sem grandes ambições . Os filhos de Cleuza , a faxineira “pai e mãe” , mais uma vez grávida e mais uma vez sozinha, representam cada um deles uma parcela da população marginalizada. Assim, há o jogador de futebol que passa de peneira em peneira pela periferia, o “novo evangélico” salvo por Jesus , o motoboy , pai sem compromisso algum, que flerta com a marginalidade, e o moleque malandro e revoltado que sofre por não conhecer o pai.
A história parece perder um pouco o fôlego, como se nada ou quase nada mudasse, mas a lentidão é mais do que proposital. Por mais que eles lutem e tentem tomar um outro rumo, permanecem presos as seus destinos,trocando passes, sabe-se lá por 45 ou 90 minutos, em um partida onde o placar nunca se altera ou quase nunca é favorável ao time da casa. O negócio é manter a bola em jogo, sempre...
Sem pretensão nenhuma, pode ser uma boa pedida para uma tarde regada a pipoca na falta de uma opção mais atraente. Quem gosta do Walter Sales de Central do Brasil com certeza irá gostar do filme. Aliás, a interpretação do menino Kaíque Jesus Santos, o caçula Reginaldo, rouba a cena e produz belas risadas. Ele encarnou o moleque marrentinho de periferia , cheio da malandragem e que busca auto-afirmação a qualquer preço.

O outro filme também se passa em Sampa, mas bem longe da periferia. Aqui o cenário são os arredores da Paulista , incluindo a Vila Madalena. A São Paulo fashion e descolada, da galeria Ouro Fino, do Madame Satã , que de barzinho em barzinho exporta tendências e atitudes.Um mundinho de gente in, de papos cool...hehehe
Mesmo que a pesonagem tenha pouca grana ela está longe, muito longe da periferia. Na verdade, é só mais uma filha da classe média sonhando viver como seus ídolos beatniks, idealizando o seu grito de liberdade através da escrita. E arrebatada por ela escreve sem parar e vive sem parar , entregando-se a toda e qualquer experiência , fictícia ou não. Estou falando de Nome Próprio, baseado nos escritos de Clarah Averbuck , mas que como adaptação, na minha ruminante opninião deixou a desejar. Resumindo, o filme tinha muita Leandra Leal , ótima, dando um show de interpretação, mas pouca, ou quase nenhuma Clarah. Daí eu entendi porque ela reforçava ( e muito) a questão de que não tinha absolutamente nada a ver com o filme. Não que o longa não seja bom, ele é , bem feito, bem dirigido, bem produzido, excelente até, graças a maestria de Leandra e do resto do elenco, que resultou em algumas cenas ótimas, que por si só valem o ingresso como a conversa das duas amigas no bar, a masturbação do nerd e o cantada do menino de Ribeirão.
Ainda em cartaz, para quem quiser conferir...

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