sabato, luglio 12, 2008

Na natureza selvagem do homem

Depois de muito tempo de ensaio e uma tentativa frustrada, hoje finalmente consegui assistir ao filme Na Natureza Selvagem (Into The Wild, 2007). Como boas referências, o nome de Sean Pean na direção, a já conhecida (e ótima) trilha sonora elaborada por Eddie Vedder e um elenco encabeçado pelo jovem Emile Hirsch , cujo talento pude conferir anteriormente em Alpha Dog.. Traduzindo, a mucca aqui estava cheia de expectativas quanto a película em questão. Assim, no curral-lar tive todas elas mais do que realizadas. Trata-se de um ótimo, de um excelente filme, um dos melhores dos últimos tempos, daqueles que nos tiram da posição cômoda de espectador e nos fazem pensar e sentir, sentir e pensar.
Resumidamente, o filme narra a história de Chris McCandless, que aos 22 anos, larga uma vida estável e um futuro brilhante para partir em busca da verdade. Ele parte em direção ao longínquo e isolado Alasca, deixando para trás sua família e o seu nome e se torna Alexander Supertramp, o andarilho que cruza o continente e a vida de várias pessoas que dão a ele carona, empregos temporários ou hospedagem.
A história a priori pode parecer repetitiva, mais um road movie de um cara idealista tentando se libertar (ou fugir)da família, das obrigações, da sociedade, da superficialidade cotidiana, das mentiras que somos obrigados a viver e que parte em busca da natureza, da sua própria natureza , tentando encontrar a sua essência vivendo apenas com aquilo de que realmente necessita. Ou seja, um estado de espírito, cujo símbolo, para o protagonista, é o Alasca. Chris parte em sua jornada impulsionado pelas palavras de Thoreau : "Antes do amor, dinheiro ou fama, dêem-me a verdade". Porém, o que a princípio parece ser mais uma celebração à liberdade e ao direito de nadar contra a corrente do mundo, acaba se revelando uma jornada, um aprendizado sobre a natureza humana, que Chris, ao longo do caminho, percebe não se reduzir à sua visão a respeito dos seus pais, mas que também reúne desapego, dor, perda, amor, perdão, fé.
Sean Pean em nenhum momento propõe ao filme qualquer idealismo, ele definitivamente não instiga o espectador a se tornar mais um libertário em busca do seu Alasca pessoal. Claro, há uma simpatia e até mesmo identificação com a personagem. Afinal, quantos de nós, inúmeras vezes pensamos em largar tudo, colocar uma mochila nas costas e andar ao sabor do vento, sem cobranças, sem memória, sem medos. Fugir do mundo e das imposições de uma vida que nem bem sabemos se queremos. Quantas vezes nos questionamos se os ideais que temos de felicidade e realização pessoal são mesmos os nossos ideais?? Ou se não nos foram impostos pela família, pela vida em sociedade? Precisamos mesmo de um emprego, de uma casa, de um carro, de uma família, de um tv de plasma e de um celular novo a cada ano? E indo mais fundo na coisa: do que é que raios realmente precisamos para sermos nós mesmos???
O que o filme busca é justamente questionar os diferentes conceitos/visões de liberdade e até que ponto a busca por esta não acaba sendo, na verdade, também uma prisão, como no caso de Alexander Supertramp. Na solidão do Alasca ele descobre, nas palavras de Tolstói, que a felicidade completa é tudo que ele abandonara pela estrada em que percorrera. Ou nas suas próprias palavras: "Happiness is only real when shared"
Não se enganem pela beleza da fotografia, orquestrada por Eric Gautier, diretor de fotografia de outro excelente road movie, Diários de Motocicleta. As lindíssimas imagens só reforçam o conteúdo forte, impactante do texto, que mexe profundamente com o espectador, que chega inclusive a causar certo incômodo. Além de intenso, é um belo filme, sem sombra de dúvida. Palmas a Sean Pean pela coragem de apostar e acreditar no projeto que demorou cerca de dez anos até ser concretizado.
Ah, o roteiro é baseado no livro homônimo escrito por Jon Krakauer. Eu não sabia, mas Chris e o seu idealismo realmente vagaram pelo mundo, dando ao filme um plus no que se refere ao quesito “identificação com a personagem”. Traduzindo: alguém foi louco o suficiente para fazer aquilo que nunca fizemos. O bom é que ao compartilharmos da sua história, da sua rica experiência de vida, também aprendemos as suas lições e que valem para qualquer um de nós, sonhadores ou idealistas, em maior ou menor grau. Somos humanos, no fim das contas, somos todos da mesma natureza, seja ela selvagem ou não...
Quem quiser conferir, vá fundo, mas preparem-se: o filme não é de fácil digestão. Eu, ainda que tenha muitos estômagos, ainda o estou digerindo. E com certeza ainda o ruminarei pelo resto da minha bovina vida.

1 comentários:

Samara L. ha detto...

Parece bem feito. Mas não me identifico um nada com a proposta do personagem. Preciso dos seres humanos mais que de ar. Mesmo que sejam uns poucos que vira e mexe me rejeitam e me dão incomodação, preciso.
Beijos.